terça-feira, 23 de março de 2010

É um quiosque português, com certeza



Catarina Portas, ex-jornalista e actual empresária, não quer voltar ao passado, mas viaja com frequência ao antigamente. Há cinco anos que embarca em tal aventura, recuperando o melhor do passado português. Depois, partilha-o com os visitantes dos espaços que criou, as lojas A Vida Portuguesa, em Lisboa e, recentemente também no Porto, e nos três centenários quiosques lisboetas que recuperou no Verão passado. Uma aventura que ultrapassa os seus "sonhos mais audazes". E confessa: tudo começou com um "impulso egoísta". (...)

E continua empenhada no desafio partilhado com o sócio João Regal: a revitalização de três quiosques de Lisboa, situados na Praça Luís de Camões, Príncipe Real e Praça das Flores. Nestes Quiosques de Refresco recuperam-se sabores antigos, preparados de forma natural. "Refresco é uma bebida fresca, confeccionada no próprio dia, sem qualquer tipo de conservante ou corante, e com pouco açúcar", descreve a proprietária. Chegar às receitas de capilé, mazagrã, orchata ou leite perfumado não foi tarefa fácil. "Saímos da primeira sessão completamente enjoados, porque as receitas originais usavam imenso açúcar", recorda, acrescentando que foram precisas várias experiências para chegar à fórmula certa. O capilé e a groselha, por exemplo, são feitos a partir de xaropes preparados por Daniel Roldão, da Fábrica de Rebuçados de Portalegre. Os sabores tradicionalmente lisboetas também estão presentes em sanduíches originais: de bacalhau em meia desfeita, de pasta de sardinha com pimentos, de queijo e marmelada ou de torresmos. A Câmara Municipal de Lisboa tem mais quiosques para recuperar e Catarina Portas admite participar em futuros concursos da autarquia para gerir "mais um dou dois" destes espaços típicos da cidade.

Joana Haderer, Gingko, Março 2010.

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