Uma democratização que (de acordo com "Lisboa, As Lojas de um Tempo ao Outro", de Jorge Ribeiro e Júlio Conrado) haveria de levar à "melhoria da qualidade do abastecimento público daquele género de primeira necessidade. Em muitos estabelecimentos subsistem vestígios do que então constituiu um esforço para tornar mais agradável o aspecto das padarias."
E na Panificação do Chiado, que fazia parte de uma tradição de cafés e pastelarias para sempre ligadas ao carácter e à cultura lisboeta, esta preocupação perdurava num cuidado para se enfeitar de acordo com as comemorações do calendário.
Ao longo de 95 anos (tão próxima estava a centena...) a servir atenciosamente não só os clientes do bairro que ali tomavam café a qualquer hora ou compravam o pão de cada dia (do melhor que se amassava em Lisboa, rico em frescor e variedade) mas também a fornecer outros espaços gourmet e a servir deliciosamente a cidade.
Infelizmente, este não é o único a encerrar no espaço de poucos meses (ainda não estávamos refeitos do choque do encerramento da Ourivesaria Aliança e da Livraria Portugal) e preocupa-nos seriamente que estes estabelecimentos tão únicos e especiais fechem para dar lugar a um qualquer igual a tantos outros por esse mundo fora.
Não sabemos dizer o que nos vai fazer mais falta de entre as variedades de pão, bolos e afins, todos tão meticulosamente bem feitos, que a Panificação nos dava todos os dias. Sabemos, porém, que a Calçada do Sacramento nunca mais voltará a ser a mesma.
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